Minhas tardes com Margueritte

"Nas histórias de amor não há apenas amor. Nunca dissemos 'eu te amo', mas nos amamos".




A gente sempre acha que o amor nasce entre iguais, descobrindo semelhanças, compartilhando sempre as mesmas coisas. A gente espera e acha que o amor é harmônico. E se ele é harmônico, não precisa fazer vistas grossas para certas diferenças, nem aprender a entender, compreender e muito menos perdoar, perdoar, perdoar.
Mas o amor nem sempre segue as regras da razão e muito menos busca iguais por aí. Acho até que o mais interessante são os opostos, que de pouquinho em pouquinho, vão achando um jeito de encontrar aqui e ali o que pode unir duas pessoas.
E é aí que o amor nasce entre duas pessoas que, a primeira vista, não combinariam. Germain (Gérard Depardieu) é um homem de meia idade, com dificuldade de aprendizado (muitas vezes burro, até) e grosso. Já Margueritte (Gisèle Casadesus) é uma idosa de 95 anos, culta e paciente.
Um dia, contando os pombos da praça, eles se conhecem. E passam dos pombos aos livros. Margueritte começa a ler para Germain, cada dia um pouquinho. E daí nasce a necessidade de se verem todos os dias. Mesmo sem marcar, eles estão lá no mesmo local e horário.
Passar um tempo juntos vira parte do dia. Um prazer, contado minuto a minuto para que comece. E um passa a habitar a vida do outro. A doçura de Margueritte mexe com Germain, que sempre teve que lidar com a indiferença da mãe. E Margueritte encontra em Germain o filho que nunca teve, a quem ensina palavras, pacientemente.
E assim "Minhas tardes com Margueritte" vai se desenrolando com um amor que vai crescendo aos poucos, sendo como tem que ser, um amor paciente e compreensivo. Desse tipo de amor que não precisa de "eu te amo", mas que se mostra nos pequenos gestos e cuidados.

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Pedro de Valdívia e as aulas de história




O assunto é a colonização do Chile pelos espanhóis. Mas não espere livros, quadro e pincel atômico. Não, não é uma aula de história. É uma peça de teatro.
“Pedro De Valdívia, La gesta inconclusa”, do grupo chileno Tryo Teatro Banda, conta de forma divertida as agruras dos europeus que desafiaram os índios sul-americanos para colonizar o Chile e é claro, obter ouro.
Em cena os três atores viram 11 mil, 3 mil, quinhentos homens atravessando as cordilheiras, o deserto, as florestas, o mar, lutando conta o inimigo, vencendo, perdendo, morrendo. Por meio das músicas agitadas e a ótima atuação, o trio se transforma em vários e transporta a plateia para aqueles dias em que o desejo era conquistar.
E conquistar naquela época era sinônimo de subjugar e matar os nativos. Ao longo da peça, vemos guerras e trapaças onde o índio é aniquilado pelo poder bélico do conquistador. Até que descobre que quantidade também pode vencer uma batalha.
E assim vemos nosso protagonista, Pedro de Valdívia, ora poderoso governador, ora acuado pelos nativos. Mas sempre com uma sede muito grande por poder e principalmente, ouro. Capaz de trair seus compatriotas para obter o metal.
“Pedro De Valdívia, La gesta inconclusa” é um espetáculo completo, que mistura ação e música, sem esquecer de um texto apurado. E assim, um assunto denso se passa num piscar de olhos, em pouco mais de uma hora de espetáculo, em meia à muitas risadas.
Há um apreço muito grande à interpretação, às vezes caricata, às vezes no limiar da normalidade, mas muito bem pensada. Até mesmo quando desempenham pequenos papeis, os atores estão lá, com uma presença de palco marcante.
A diversidade musical que eles apresentam é o forte do espetáculo. Ao longo da peça os atores tocam instrumentos de cordas, sopro e percussão. Tudo muito bem encaixado na narrativa.
“Pedro De Valdívia, La gesta inconclusa” é uma daquelas peças capazes de fazer qualquer aluno desinteressado em história se apaixonar pelo assunto.



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    Goiânia, Goiás, Brazil
    Jornalista por formação, especialista em Filosofia da Arte. Trabalho em TV, mas sempre ligada ao Jornalismo Cultural, com ênfase em Teatro e Cinema.

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