Viagem Cultural – Parte 2 (Hipóteses para o Amor e a Verdade)

Na segunda noite em São Paulo fui até a Praça Roosevelt, que fica no Centro da cidade e que foi “tomada” por atores e teatros. Lá se instalaram grupos como os Satyros e Parlapatões, Patifes e Paspalhões. Fizeram do local um point onde pode-se tanto freqüentar os bares dos artistas ou assistir as peças, ou melhor, as duas coisas ao mesmo tempo! Eu que não sou boba aproveitei tudo: fui ao bar dos Parlapatões e assisti teatro nos Satyros.


Hipóteses para o Amor e a Verdade

Logo no começo dá para perceber que não se trata de uma peça comum. O primeiro aviso é para que a plateia não desligue os celulares, que inclusive aumentem o volume e quando o aparelho tocar que atendam no viva voz. Ao longo do espetáculo há sempre o convite para que o público tire fotos com o flash.
“Hipóteses para o amor e a verdade” não só fala como utiliza dos instrumentos da vida moderna como celular, câmeras e internet durante a encenação. Algumas cenas são inclusive realizadas em lugares que a plateia não consegue ver, mas que são filmadas ao vivo e mostradas num telão. Os personagens representam os seres humanos da era da informática, com dificuldade de relacionamento e facilidade para a comunicação via ondas e bytes.
São várias histórias de solidão: a enfermeira que cuidada de uma doente abandonada pela família, o travesti, a prostituta, o homem que sonha em povoar o mundo doando esperma para casais com dificuldade para engravidar, a lésbica que acaba de sair da prisão, o empresário que não tem amigos, a guia de turismo e o gerente de qualidade de uma fábrica que gosta de travestis.
Todas são pessoas isoladas em meio a multidão das grandes capitais como São Paulo, que ao invés de conversarem com o vizinho preferem espirar pela janela; que não encontram com os amigos, falam pelo MSN; e que quando querem um relacionamento mais íntimo procuram prostitutas e travestis nas ruas.
Ao longo do espetáculo os atores ligam para pessoas na plateia (os números são fornecidos antes) e as conversas fazem parte da peça. Os diálogos são sobre a vida de cada um, sobre o que gostam e o que não gostam e, é claro, sobre a dificuldade de falar com alguém cara a cara.
Há também uma ligação de um dos personagens para um disk pizza real (ele utiliza o viva voz do celular e um microfone para que a plateia ouça). Ele diz que a internet caiu e que precisa conversar com alguém, e como não tem para quem ligar, decidiu tentar na pizzaria.
“Hipóteses para o amor e a verdade” é uma boa reflexão sobre a vida moderna e as relações humanas. Trata de um tema tenso de forma divertida, envolvendo a plateia. Os personagens são tão reais que parece que atores estão falando deles mesmos, de seus desejos e angústias, como que se compartilhassem desse isolamento tão comum em que se encerra a sociedade de hoje.

Para quem quiser ver o vídeo do espetáculo:
http://www.youtube.com/watch?v=58oLhLqupms

Ficha Técnica:
De Ivam Cabral e Rodolfo Garcia Vázquez
Direção de Rodolfo Garcia Vázquez

Elenco:

Esther Antunes
Luiza Gottschalk
Phedra De Córdoba
Paulinho Faria
Tânia Granussi
Thiago Leal
Leo Moreira

“Hipóteses para o amor e a verdade” está em cartaz no Espaço Satyros 1, na Praça Roosevelt, São Paulo – SP.

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    Goiânia, Goiás, Brazil
    Jornalista por formação, especialista em Filosofia da Arte. Trabalho em TV, mas sempre ligada ao Jornalismo Cultural, com ênfase em Teatro e Cinema.

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