Conversas Fílmicas - Parte 4

Match Point



por José Aurélio

Se alguém for assistir a esse filme, precisa ter atenção. Especialmente no início, quando uma breve explicação resume a lógica da trama. Como toda obra de Woody Allen, “Match Point” trata de um tema cotidiano. Algo que realmente acontece no mundo real, mas que está camuflado pelas máscaras que as pessoas usam no grande teatro da sociedade. As cenas revelam que o protagonista, um jovem pobre e esforçado, consegue espaço na alta classe quando faz amizade com um milionário e conquista a irmã dele, se casando posteriormente.
A fortuna o atrai, mas não mais do que a noiva do amigo. A sexy Nola (Scarlett Johanson). O excesso de amor dado pela esposa o enche de tédio e as cobranças por um bebê o levam ao limite do stress. Psicopata, ele descobre que Nola tem um fraco por bebidas e aproveita-se disso para seduzi-la. O caso serve como válvula de escape para seus problemas pessoais, até que as coisas saem do controle. A amante engravida e a situação se inverte. Agora ela exige a separação.
Ele tenta a saída convencional, o aborto. Hipótese descartada pela amante. Quando as cobranças dela pelo fim do casamento chegam a níveis insuportáveis, ele recorre à única saída possível. Mata Nola num plano aparentemente bem elaborado, mas que deixa falhas que começam a ser investigadas pela polícia. O mais impressionante nesse filme é que, como na vida real, a sorte conta muito mais do que nosso planejamento diário. Conhecemos pessoas ao acaso, tropeçamos em algo que não vimos, recebemos um troco a mais no supermercado, um pombo defeca em nossa roupa pouco antes de uma reunião importante. Enfim... nada depende totalmente do que planejamos. Aliás, a sorte tem muito mais influência na nossa vida do que gostamos de admitir.
O protagonista, por exemplo, tem a sorte das investigações policiais não darem em nada. Conseqüentemente mantém o casamento e evita a decepção da família da esposa, que tanto o estima. De quebra ainda dá um herdeiro aos endinheirados. Um final ultra-realista que começa a virar tendência em gêneros dramáticos. No mais, aplausos para a cena da aliança, que casa perfeitamente com a da bola de tênis batendo na rede. São detalhes assim que tornam certos filmes inesquecíveis.
Valeu Mayara... essa indicação foi ótima. Mas atenção! Existe outro filme chamado “Match Point” no mercado e que tive que assistir antes de chegar ao verdadeiro. Fala de umas jogadoras de vôlei e é horrível. Cheguei a pensar que a Mayara tinha algum problema por ter me indicado ele como um dos 10 mais da vida dela. Mal consegui assistir ao longa. Passem longe dele. Felizmente o engano foi desfeito a tempo.

Comentários Mayara:
Gostaria de primeiro falar do engano do José Aurélio em relação ao filme. Comecei a notar que cada vez que falava do “Match Point” se fazia um silêncio constrangedor, mas decidi esperar pela crítica. Mas a confusão se desfez antes dela ser escrita e assim, não pude ler o texto sobre o filme das jogadoras de vôlei (com certeza seria hilário receber uma crítica sobre esse longa e não sobre a trama de Woody Allen).
Em relação ao “Match Point”, realmente é um filme muito bom. A trilha sonora composta por operas é ótima. É muito interessante como Woody Allen mistura essa arte com o cinema. Quanto a trama, é muito intrigante, a todo momento parece que por um triz a coisa vai dar certo ou errado. E dá, depende para quem você torce no filme.

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    Jornalista por formação, especialista em Filosofia da Arte. Trabalho em TV, mas sempre ligada ao Jornalismo Cultural, com ênfase em Teatro e Cinema.

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