O sonho americano que virou pesadelo



“Maria cheia de graça” (Maria, Llena eres de Gracia, 2004) é uma história que poderia acontecer em qualquer lugar da América Latina, com qualquer jovem que tenta um futuro melhor e longe de onde sempre viveu. É o sonho de fazer a América, o desejo de ir para os Estados Unidos e ter uma vida melhor, longe da pobreza e da falta de oportunidades de países menos desenvolvidos economicamente.
Maria (Catalina Sandino Moreno) é uma adolescente de dezesseis anos que engravida do namorado que não ama. Ela trabalha no único trabalho possível no povoado em que mora numa vila da Colômbia: uma plantação de rosas. É explorada e não tem direito sequer de ir ao banheiro sem ser cobrada pelo patrão.
Ao conhecer Flanklin (John Álex Toro), Maria fica sabendo de um esquema internacional de tráfico de drogas. Os narcotraficantes contratam mulheres para ir até os Estados Unidos levando cocaína. Mas para isso, elas devem engolir papelotes da droga. Uma operação arriscada tanto para a vida dessas mulheres, já que se algum desses papelotes explodir elas podem morrer, como para a integridade física delas, visto que podem ser presas.
Mesmo assim o dinheiro compensa. Nem mesmo com uma vida inteira de trabalho elas conseguiriam juntar a quantia que lhes é paga para serem mulas do tráfico. E é pensando nisso que Maria decide engolir a cocaína e viajar até os Estados Unidos.
E graças ao bebê ela não é pega pelos policiais do aeroporto. Eles chegam a desconfiar que ela é uma mula e depois de um interrogatório decidem fazer um raio-x para constatar se ela leva drogas dentro do corpo ou não. Mas eles descobrem que ela está grávida e não podem fazer o exame em mulheres nesse estado.
Mas as adversidades por que Maria passa não param por aí. Uma das amigas dela passa mal e morre. A adolescente, com medo, foge dos receptadores da droga. É o sonho americano que virou pesadelo.
Diferente da mãe de Jesus, essa Maria está grávida, desamparada e com o estômago cheio de papelotes de cocaína. Mas também, como a mãe bíblica, essa Maria viaja para salvar o filho que espera. Ela busca uma vida melhor para ele, longe da miséria e da vida que sempre viveu no país de origem. É um filme muito interessante, visto pelo lado de quem emigra, já que é colombiano, e que vale a pena ver. Bom para quem gosta de filmes tensos.


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1 Response
  1. Filmaço!! Já faz um tempinho que vi, mas não esqueço desse longa... O título dele já é uma grande sacada: Maria cheia de graça - remete à gravidez que provoca uma reviravolta na vida da jovem Maria e também aos entorpecentes que ela leva no estômago para os EUA!! Vale a pena ver, gente!!!


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    Goiânia, Goiás, Brazil
    Jornalista por formação, especialista em Filosofia da Arte. Trabalho em TV, mas sempre ligada ao Jornalismo Cultural, com ênfase em Teatro e Cinema.

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