
O filme “Todo nudez será castigada” (1973), de Arnaldo Jabor, é baseado na peça de teatro homônima de Nelson Rodrigues, escrita em 1965. É a história de Geni e Herculano, uma prostituta e um viúvo que se apaixonam e se casam, mesmo com o preconceito da família dele.
A primeira cena é de Herculano passeando com um carro conversível pela cidade. Ao chegar em casa, ele encontra uma fita deixada por Geni, onde ouve a surpreendente frase inicial: “Herculano, aqui quem fala é uma morta...”. A partir daí ela começa a contar todos os fatos que desencadearam no suicídio (aliás, tema recorrente em Nelson Rodrigues).
Então vemos como tudo começou. O viúvo chora pela esposa morta na casa das tias solteironas. O irmão, para vê-lo livre da depressão e também da possibilidade de ficar sem o sustento de Herculano, resolve apresentar Geni para ele.
Mesmo com toda a resistência, o viúvo decide ir até o prostíbulo. É aí que eles se apaixonam. Mas Herculano, um moralista, fica dividido entre amar uma prostituta e o papel de homem honrado e pai de família. Outro problema é o filho dele, Serginho, um jovem de dezoito anos que faz o pai prometer que nunca se casará novamente.
Há também as tias do viúvo, moralistas, alcoviteiras e que fazem de Serginho um grande bebezão mimado. Em uma das cenas as três dão banho no adolescente.
Mas o irmão de Herculano tem um plano infalível para juntar Geni e o viúvo. Ele instrui a prostituta a dizer que ele só vai tocá-la depois do casamento: “Só casando, entendeu? Só casando!” O que faz com que a falsa moral de Herculano seja atiçada e ele pede Geni em casamento.
Serginho ao ver o pai com a prostituta tem uma crise, arruma confusão em um bar e vai parar na cadeia. Lá ele é estuprado. Então, ele decide se vingar de Herculano. O jovem não só aprova o casamento do pai como se torna amante da madrasta.
A história coloca à prova nossa moral, ou melhor nossa falsa moral. Um exemplo claro disso é durante a cerimônia de casamento de Geni e Herculano. Uma das tias fala para a outra que a noiva está muito bonita e que nem parece uma prostituta. A outra responde que Geni nunca foi prostituta, que ela está inventando coisas, já que deve estar esclerosada.
O filme também questiona o papel da mulher e a imposição da castidade na sociedade da época. Geni só “serve para casar” depois que se recusa a fazer sexo com Herculano. Como se isso devolvesse à ela a virgindade. Ou melhor, como se isso fosse primordial para que ela se tornasse respeitada perante a sociedade.
“Toda nudez será castigada” é uma ótima junção das histórias de Nelson Rodrigues e a boa direção de Arnaldo Jabor. Envolvente do começo ao fim, já no início temos o impacto da gravação de Geni e a revelação de que está morta, mas ela é uma morta que conta uma história. Uma história que também tem um final surpreendente. É um daqueles filmes que não dá para deixar de assistir.
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Eu quero assistir!! Com panquecas. rs.
Pois venha!
kkk