Conversas Fílmicas – Parte 2




O fabuloso destino de Amelie Poulain

por José Aurélio

Como todo amante de filmes policiais, de ação, de ficção científica e admirador de tiros e explosões, confesso que fui tentado a achar que se tratava de algo do tipo “água com açúcar”. Adorável engano. A história da introvertida Amelie Poulain é tão simples quanto fascinante. A começar pela abertura. Enquanto os nomes dos produtores são apresentados, temos o resumo do que deve ter sido a infância de Amelie. Impossível não se identificar com pelo menos metade das cenas. Numa delas a menina atira pedras chatas sobre a água de um lago. Hábito que ela vai conservar por toda a vida. Mas nem tudo são flores. No desenrolar da apresentação percebe-se os motivos que vão transformar a protagonista, quando adulta, na tímida perfeita. Incapaz de ser indiscreta, Amelie desenvolve um mundo próprio, cultivando o prazer pelas coisas simples, como por exemplo enfiar as mãos nos sacos de cereais “in natura” na feira. Nada que demande o contato com outras pessoas. Até que acha uma caixa de brinquedos escondida há décadas e depois encontra o dono, já sessentão. Depois de ver a alegria com que ele recebe o inusitado presente, Amelie decide espalhar o bem. E o espalha de um modo fascinante, revelando que, como quase todos os tímidos, é também dotada de uma inteligência superior. Despida de preconceitos, nutre amizade pelos mais diferentes tipos e se apaixona por um rapaz que coleciona fotos encontradas no lixo e que trabalha numa espécie de sex shop. Para seduzi-lo, Amelie o envolve num mistério delicioso, até que o momento da revelação não possa mais esperar. A timidez da moça passa a ser o último empecilho para o romance. Barreira que ela vence com dificuldade e com a ajuda dos conselhos de um amigo pintor. Os últimos trechos do longa-metragem conseguem traduzir como é verdadeira a paixão dos dois, que passeiam por Paris numa mobillete, alheios ao que não interessa, vivendo o amor como deve ser. Simples. Fora o enredo, merecem comentários a edição, que destrói qualquer vestígio de monotonia, e os efeitos especiais, usados com freqüência e de forma inacreditavelmente criativa. Não importa o que você pense, se você é um ser humano, esse filme é pra você.

Comentários Mayara:

“O fabuloso destino de Amelie Poulain” é meu filme preferido. Mistura a delicadeza de uma história de amor, com uma fotografia belíssima, criatividade no roteiro, inusitado e histórias engraçadas. A Amelie é adorável, é uma daquelas mulheres que ainda conserva a pureza de criança. Ela quer fazer o bem e também quer um amor e é por isso que ela traça as famosas estratagemas, que dão o tom de comédia para o longa.
A imaginação de Amelie é fantástica, como quando ela inventa a razão do atraso de Nino. É muito mais fácil achar que ele foi sequestrado, se envolveu em um acidente, perdeu a memória e foi viver num país longe, que encarar uma possível desilusão amorosa.
Na verdade, o que move a Amelie é o medo de se decepcionar, o medo de acabar sozinha como a mulher do quadro do Renoir, que está só mesmo rodeada de gente.
Sim, José Aurélio, esse é um filme para ser assistido por qualquer ser humano, inclusive os mais sensíveis!


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    Jornalista por formação, especialista em Filosofia da Arte. Trabalho em TV, mas sempre ligada ao Jornalismo Cultural, com ênfase em Teatro e Cinema.

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